Essa tupia só serve para pequenos serviços de reparo e acabamento.
Fazer uma guitarra é impensável e ela queimaria bem antes de terminar o corpo de uma guitarra.
Para o que pretende você precisa de uma dessas:
Enquanto que ela pode ser arriscada por ser leve e pouco potente (se ir com muita fome na fresagem ela dá pinotes e pode pegar dedos ou estragar uma peça) ela pode ser usada sim para fazer uma guitarra inteira.
Tenho uma, já usei, e atesto. E na realidade ela é bem resistente, dá conta do recado.
O importante nela é não fresar muito material de uma vez só (e isso não é recomendável nem com tupias maiores, porque pode lascar pedaços onde a fibra tem pouca continuidade com o contorno externo dos "cutways").
Se ir com calma, ela faz o trabalho sim.
Uma coisa que recomendo e foi muito útil pra mim é mandar fazer uma base de acrílico larga, tipo 20cm, que possa ser substituída pela base dela. A placa inferior pode ser desparafusada, o que permite a substituição da placa da base, tornando ela mais versátil. Essa modificação eu fiz e também recomendo.
Novamente, quem estiver lendo: com ferramentas de menor peso e potência, tenham CUIDADO EM DOBRO. Elas tendem a dar pinotes e na melhor das hipóteses, arriscam estragar aquele belo naco de madeira. Na pior arrancam dedos.
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Ramsay, o que eu consigo fazer com essa tupia maior que não consigo com a menor? Vi que o neck pocket, o furo do tensor, os furos da eletrica e captadores podem ser feitos com a tupia menor. Seria o contorno do corpo que somente pode ser feito com a maior?
Com fresas de longo comprimento, pode ser feito o contorno com essa makita menor que falamos.
Eu apenas te sugiro fazer um corte externo ao risco, e então usando o molde "barbear" a madeira até chegar no contorno.
Atente para nunca fresar "contra a fibra". Por exemplo, nas partes côncavas do corpo (como a cintura de uma Strato) frese "de fora pra dentro", ou "do alto para o baixo", a partir dos dois pontos altos em direção ao centro.
Se ficou confuso pense assim: imagine que vai fresar a parte inferior do contorno da Strato.
Você tem a parte ali onde fica o Jack (que é convexa), a parte onde ela "senta na sua perna" que é concava, e o cutway inferior (que é convexo).
Você vai conduzir a tupia do "topo" da convexidade proxima ao Jack até o centro da concavidade onde ela descansa na perna. Depois do "topo" da convexidade do cutway para o centro da concavidade que descansa a perna. Você vem de fora pra dentro nos dois casos. Aí a fresa não dá de contra a fibra e evita que ela "estoure" a fibra, arrancando pedaço da madeira.
Aprendi isso do jeito difícil.
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RafaS, obrigado pela aula, sua resposta será utilizada como guia para a construção da minha jazzmaster.
Seguindo na questão da ponte tratada anteriormente. Como já relatei, sou canhoto e não existe ponte de jazzmaster canhota, e muito menos dourada. Minha intenção é fazer toda a guitarra com hardware dourado. Então, será que vale a pena colocar uma ponte de strato? O timbre alterará muito? A tensão da corda mudará? terei problemas para fazer a furação? Estou pensando neste modelo:
http://www.guitarfetish.com/LEFTY-Gold-Vintage-USA-Strat-Steel-Saddle-Trem_p_6408.htmlDesde já agradeço a todos pela ajuda.
Primeiramente, de nada. Eu fui muito ajudado no início e fico feliz de poder retribuir passando adiante.
Sobre a ponte... porque não bota uma de Jazzmaster destra, apenas invertida? Não entendo de Jazzmaster mas olhando fotos aqui, o pior que vai acontecer é que o ponto da onde pivoteia a alavanca do tremolo vai ficar um pouco mais acima do que a original (que já é meio próxima do centro do tremolo a contrario da Strato que é na extremidade). Algo quase SRV, digamos.
Se duvidar fica até mais funcional de usar...
Bom, vai pela sua cabeça, afinal quem vai ter que aturar o resultado é você, amigo.
Quanto ao timbre, sendo ambas a Strato e a Jazzmaster como mesmo comprimendo de escala, a tensão provavelmente será muito semelhante, sendo a Jazzmaster talvez mais macia para bends (devo a ter mais comprimento de corda para "esticar" à esquerda dos saddles no caso de uma guitarra destra). Por outro lado a Jazzmaster é famosa por não ser muito amigável a bends em razão da ponte e nesse sentido a ponte de Strato melhoraria as coisas.
Sendo o comprimento de escala igual, mas os captadores e a eletronica diferentes, eu acho que qualquer diferença seria mínima e no geral sua guitarra iria reter o caráter sonoro da JM na maioria da parte, senão por completo.
Exceto talvez na hora de usar o tremolo, porque ao que parece o comportamento sonoro do tremolo da JM é diferente do da Strato. O tremolo da JM parece ser importante pra dar aquele som "surf" quando usado.
Se você for um purista pode valer mais a pena usar o tremolo de JM de cabeça pra baixo. Aliás olhando "left handed Jazz Master" no google apareceram bastante JMs com o tremolo "invertido". Parece ser comum fazer isso.