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Autor Tópico: Há 30 anos .... tempos difíceis para diy  (Lida 14485 vezes)
xformer
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« : 11 de Abril de 2013, as 20:34:52 »

Bom não 30 anos exatos, mas 29 anos atrás.  Eu estava folheando umas revistas velhas de eletrônica e vi um anúncio com preços de peças e componentes e fiquei espantado como eram caros.  Pra efeito de comparação, a revista de fevereiro de 1984 onde estava o anúncio (uma Nova Eletrônica) custava Cr$ 1000,00 (mil cruzeiros ou um Barão como costumavam dizer, porque a nota de 1000 cruzeiros tinha a efígie do Barão do Rio Branco na cédula) o que permite fazer cálculos rápidos com os preços dos componentes.  Eu acho que uma revista como a Nova Eletrônica hoje teria um preço de banca por volta de R$ 20,00,  Então eu simplesmente divido por 50 pra chegar a um preço para comparação relativo com a revista. 
Vejamos os preços relativos dos componentes:
ci 741   Cr$ 750, o que dividido por 50 daria R$ 15,00
ci 555 Cr$ 525 = R$ 10,50
ci 7812  Cr$ 1200 = R$ 24   !!!!!!!
ci 4051  Cr$ 1500 = R$ 30
ci 74LS00 Cr$ 450 = R$ 9
transistor 2N3055  Cr$ 900  = R$ 18,00
transistor BC547  Cr$ 75  = R$ 1,50
transistor TIP41 Cr$ 570 = R$ 11,40
diodo 1N4007  Cr$ 90  = R$ 1,80

Naquela época a inflação era muito alta (pra vocês saberem, a edição do mês seguinte custava Cr$ 1400, ou seja um aumento de 40% num mês), então havia um efeito de que os preços (relativos) ficavam muitas vezes desalinhados com preços de outras coisas, mas mesmo assim os componentes eletrônicos eram muito caros o que dificultava pra gente montar nossos circuitinhos. Eu lembro que pra comprar alguns integrados era o maior sacrifício.   
Hoje os integrados que exemplifiquei acima, não custam mais do que 2 Reais (ou 1).
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Ferro_Velho
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« Responder #1 : 11 de Abril de 2013, as 21:01:19 »

Ahhhhh, 1984...

Que tempo bom...

Os componentes eram caros, é verdade.

A inflação era absurda, sim era.

Mas eu amo os anos oitenta.

Eu tô velho... Cry

Abraço.
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Alex Frias
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« Responder #2 : 11 de Abril de 2013, as 21:37:59 »

Tentou achar algum lugar que vendesse FET? O lojista nem sabia do que se tratava!
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« Responder #3 : 11 de Abril de 2013, as 21:53:20 »

Bem, tem lugar que ainda não sabem.
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Alex Frias
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« Responder #4 : 11 de Abril de 2013, as 22:57:02 »

Creio fortemente nisso!
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« Responder #5 : 11 de Abril de 2013, as 23:03:35 »

Bem, tem lugar que ainda não sabem.

Esses dias fui em umas das maiores lojas de componentes da minha cidade atraz dos J201.

Quando cheguei na loja perguntei assim:

Amigo, voce tem FET J201?

Ele me respondeu assim:

Nossa, o que é isso?  Batendo Cabeça

 Cheesy

Abraço.
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FRED
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« Responder #6 : 11 de Abril de 2013, as 23:43:47 »

 Uma coisa que me deixava revoltado: Há um tempo atrás andei procurando por transistores de germânio nas lojas daqui do Rio. Aí eu chegava e perguntava assim:

 -Bom dia amigo, por acaso você tem transistor de germânio (fazendo gestos e explicando como são os transistores):
 
 Essa simples pergunta gerava uma série de reações, nos mais diversos vendedores, sendo as mais comuns:

 1 - Não (Isso quando eu estava olhando as gavetinhas e vendo os transistores de germânio lá dentro);

 2 - Isso não existe mais (mesmo eu olhando para os transistores!);

 3 - Hã? (Essa eu até engulo, pois muitos vendedores realmente nunca viram um transistor de germânio, temos que relevar);

 4 - O cara sabe que tem, aí ele pergunta:

      - Qual é o transistor que você quer?

      E eu respondia:

      - Quase todos servem, queria ver os que vocês tem aí pra vender.

      Comecei a perceber que isso é quase como xingar a mãe do vendedor. Ele quer que você peça por um código específico (tudo bem também, pois é assim que se compram e vendem componentes). Mas aí vinha o pior.

       - Então, meu camarada, deixa eu ver o catálogo (quando existe, geralmente fica em cima do balcão), ou então pega aquela gavetinha pra mim, por favor.

       É como pedir para ver os seios da esposa dele, ou dar um soco na cara do vendedor. A maioria finge que não ouviu e continua exigindo que você forneça um código específico. De todas as lojas que eu fui, somente em duas fui bem atendido. Teve uma loja em que o dono, um chinês simplesmente parou de falar comigo, sentou e começou a ler o jornal.

 O Alex deve saber do que eu estou falando, com certeza ele já passou muito por isso também.
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Alex Frias
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« Responder #7 : 12 de Abril de 2013, as 00:13:29 »

Sim, na Enfimac, que é onde era bem atendido inlusive, eu sabia que eles tinham um pequeno estoque de tranistores 2N404A. Os quais eram vendidos a um preço absurdo. Mas era o único lugar onde s encontrava... Quando estava pelo centro passava lá e comprava um par.

Não foram poucas as vezes em que eu tive que discutir com o vendedor, que sempre dizia não haver mais transistores daquele tipo lá. Aí eu mostrava a gaveta exata e o sujeito finalmente verificava e me entregava o par. Era uma espécie de Alzheimer seletivo em um cara de menos de trinta anos de idade! Muito esquisito!

Outra coisa: se perguntar por válvulas, alguns lojistas acham que você deveria ser internado no manicômio.
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« Responder #8 : 12 de Abril de 2013, as 00:21:35 »

 Essa das válvulas é certeza. Eles te olham com uma cara que faz você até se sentir mal. Já discuti muito com vendedores que acham que sabem alguma coisa de eletrônica. Como você disse, Alex, fui bem atendido justamente na Enfimac (mas não comprei os 2N404, levei outros mais baratinhos) e na Rádio Trancontinental (nome bacana) lá no Méier.
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biglouis
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« Responder #9 : 12 de Abril de 2013, as 00:37:18 »

Aqui ninguém sabe o que é FET.
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« Responder #10 : 12 de Abril de 2013, as 09:04:06 »

tava procurando soquetes para válvula uma vez, e os atendentes das lojas mandavam eu ir em ferragem ou loja de material hidráulico.
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« Responder #11 : 12 de Abril de 2013, as 10:41:09 »

uma Nova Eletrônica) custava Cr$ 1000,00 (mil cruzeiros ou um Barão como costumavam dizer, porque a nota de 1000 cruzeiros tinha a efígie do Barão do Rio Branco na cédula) o que permite fazer cálculos rápidos com os preços dos componentes.  Eu acho que uma revista como a Nova Eletrônica hoje teria um preço de banca por volta de R$ 20,00

Eu ganhava, na época, uma "mesada" de Cr$ 1000,00 (mais o dinheiro do busão...). Tinha que escolher entre comprar revistas de eletrônica ou alguns componentes.

Felizmente eu tinha um amigo rico (na verdade "remediado") que comprava as revistas e me emprestava (e eu copiava os esquemas na mão, para não gastar com xerox). Quanto aos componentes, eu ia comprando aos poucos. Para terminar um circuito às vezes levava meses, e quando não funcionava, para mim era como ficar de luto...

Eram tempos difíceis, mas eu também sinto saudades. A gente dava mais valor a pequenas vitórias que hoje passam batidas... E aprendia a arrancar leite de pedra, desenvolvendo habilidades que hoje estão ficando raras (pesquisa, por exemplo). Hoje a molecada quer receber tudo pronto!
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Se alguém ficou curioso, meu avatar é o brasão da família Finck. Dizem que os brasões das famílias alemãs estão relacionados com a profissão de seu patriarca. Se isso for verdade, o patriarca Finck deve ter sido bobo da corte...
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« Responder #12 : 12 de Abril de 2013, as 12:03:29 »

A má notícia é que a Enfimac não possui mais os transistores 2N404A...

A boa notícia é que o estoque deles veio parar aqui em casa! kkkkkkkkkkkkkkkk

E , de lambuja, vieram uns AC187.

Mas voltando ao assunto do tópico... Trinta anos atrás era uma desgraça.  Não haviam pots com eixo estriado, nem chaves DPDT, 3PDT e o escambau.

Não creio que os componentes fossem caros.  A inflação violenta não permite um cálculo preciso.  Mas a oferta era ridiculamente pequena. A variedade, limitadíssima.

Viva a China !
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Albuquerque
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« Responder #13 : 12 de Abril de 2013, as 12:43:11 »

Além de o Newton C. Braga publicar em quase todas as revistas de eletrônica...  Cheesy

A maioria dos circuitos que se encontravam em revistas eram dele. Alguns bons, devo falar. Mas outros pasavam loooooonge....
« Última modificação: 12 de Abril de 2013, as 12:44:57 por Albuquerque » Registrado
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« Responder #14 : 12 de Abril de 2013, as 13:02:39 »

Peças eram dificeis , caras, esquemas bons mesmo era uma sorte.

Acho que a troca de informção era mais valorizada, a gente ia na casa dos amigos Px, no caso eu e meu pai, ficava horas trocando ideias sobre equipamentos, hoje com a internet a gente nem precisa mais sair de casa. Claro tudo tem seu lado bom e seu lado ruim.

Lembro dos esquemas feitos a mão , placas desenhadas com a caneta de retro projetor, verdadeiras obras de arte, cada trilha desenhada com todo carinho.

Impressao a laser , xerox , não tinha mesmo. Era tudo no punho e na sorte.

Lembro do meu pai brigando com camaras de eco feitas com gravador philips portatil e mike de ganho , que davam mais microfonia do que precisava.
Ah sem contar a felicidade dos kits que salvava a gente, lembro do meu pai soldando as peças do Tele-jogo que era comprado o kit da saber eletronica.
Felicidade de ver aquela bolinha quadrada na tela quicando pra todo lado.

Bons tempos da decada de 80.


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