Senhores,
Há algum tempo não passo por aqui devido a correria, total falta de tempo. Além de que trabalho na área de tecnologia e quando chego em casa a última coisa que penso é ligar o computador.
Mas enfim, hoje está um dia chuvoso e tranqüilo de serviço, propicio para meu post. Expor minhas vontades, idéias, projetos e também esclarecer minhas dúvidas, espero que possam me ajudar.
Bom existe muito converseiro e controvérsia no que diz respeito a alguns modelos da Giannini. Existe quem ame, existe que odeie, alguns defendem e diz que são bons instrumentos, outros dizem que são um lixo.
E eu concordo com os dois lados, depende do ano, do modelo, da madeira que foi construída, da sorte na hora da compra. Infelizmente por muito tempo o padrão da fabrica, é que não tinha padrão.
Já vi guitarras do mesmo, ano, modelo e serie compradas juntas em um mesmo lote e uma ser mais pesada que a outra, desenhos do corpo diferentes, umas mais pontudas outras mais arredondadas, usando madeiramento diferente. Incrível, ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ
Em 13 de Janeiro de 1993, quando completei 15 anos de idade, fui surpreendido com um presente de aniversário logo pela manhã. Abri a caixa e não me contentei muito com o que vi, obviamente sem ser muito indelicado tentei explicar para minha mãe que aquilo era a escoria das guitarras da época.
Eu não entendia quase nada, muito pouco mesmo, fazia três anos que tocava com violão e algumas guitarras que conseguia emprestar. Mas de uma coisa eu sabia, que as guitarras “Tonante” eram um lixo, som chocho, sem brilho algum, madeira e design ruim, braço mega grosso (parecia ter sido feita com madeira de resto de obras). Como tinha algum dinheiro guardado das aulinhas que dava de guitarra, convenci a irmos à loja e trocá-la.
Para se ter idéia, eu nunca tinha ouvido falar em Fender (cidade pequena, pouco contato com músicos, enfim..). Chegando á loja eu vi alguns modelos e bati o olho em duas que gostei: a Giannini Stratosonic e a Fender Southern Cross, as duas tinha braço e escala clara e corpo preto com escudo branco, praticamente idêntico, só que a fender tinha fender tinha pinos nos captadores e o da Giannini era liso, aparentemente foi a única diferença que notei na época.
Ao ver o preço eu optei pela Giannini já que conhecia o instrumento (tinha um violão e muitas pessoas na época gostavam), acabei levando ela: Uauu quando abri a caixa em casa! Lembro-me até do cheiro da madeira exalando, a primeira afinada e os primeiros acordes, foi emocionante, a primeira guitarra, ainda mais zerada e de sua escolha, a gente nunca esquece, não é mesmo? ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ
Conforme fui aprendendo, aprimorando meus conhecimentos técnicos, descobri que o Hardware dela nunca prestou, mesmo sem usar alavanca (algo que não gosto), eu sempre toquei muito forte, pesado e intenso, e ela mal agüentava uma musica sem desafinar. Depois de experimentar outras, vi que os captadores também não prestavam, mas em compensação uma guitarra muitíssimo confortável, o braço por não ter verniz, recebera apenas seladora e polimento, a mão deslizava no braço que era uma maravilha, um pouco pesada para ficar com ela pendurada no ombro por horas, mas em compensação esse peso dava muita estabilidade para mim que tocava uns grunges feito um louco (balançava, agitava, rodopiava, ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ).
Com o tempo as peças foram se deteriorando, primeiro o escudo, tive que mandar fazer um em PVC com um velho “luthier” que tinha aqui na cidade, pois naquela época não era barato e muito menos fácil achar algo compatível aqui nas redondezas, os trastes dela também foram para o quiabo muito rápido (até a oitava casa), pois eu tocava uns 70% do meu tempo útil, tinha banda, dava aula, passava o tempo, etc... Depois os captadores que tinham a base do parafuso plástico quebraram e depois da centésima vez fazendo gambiarra nela, acabei comprando uma Squier de segunda mão e aposentei-a por anos, removi todo hardware, a desmontei por completo, embalei a madeira em jornal, plásticos bolha, coloquei saquinhos com arroz para tirar umidade, tasquei em uma caixa de papelão onde passou muitos anos dentro do maleiro do meu guarda roupas, mas sempre senti falta dela e sentia muita vontade de colocá-la para funcionar.
Eis que mês passado quando a desembalei, peguei no braço e senti o peso do corpo eu pirei de vontade de tocar nela outra vez e resolvi colocar o projeto de reativar a antiga Giannini em ação.
Eis que estou aqui para compartilhar um pouco da minha história, dados da guitarra, curiosidades que descobri ao longo dos anos, fotos, então vamos trocar idéias experiências e tornar esse post bastante interessante, rs
Fiz uma longa pesquisa sobre esse instrumento para saber se valia a pena gastar uma boa grana para restaurá-la, e descobri muitas coisas, até fui visitar uma pessoa de uma cidade próxima e vão ter muitos que vão arrepiar os cabelos, arrumar um bom pé de briga por aqui.
Mas agora eu estou com provas, muita leitura e bons argumentos, além de fotos =)
Eis o que vou fazer nela, quanto vou gastar, peças que vou utilizar:
Como mencionado acima, trata-se de uma Guitarra:
Giannini Stratosonic - modelo GG08 - 1992
Originalmente ela é Preta com escudo Branco, três captadores Single Coil com chave de três posições, dois Tones e um volume, ponte com alavanca.
Braço e escala claras em marfim.
Dados Técnicos:
Ano de Fabricação: 1992
Modelo: GG08
Produto: Guitarra StratoSonic
Corpo: Cedro
Braço: Marfim
Largura do braço na pestana: 42mm
Escala/Curvatura: Marfim ou Pau Ferro em 240mm
Comprimento de escala: 648mm
Nº de Trastes: 21 (Importados)
Tarrachas: Cromadas
Captadores: Giannini STO - 03 Single
Controles: 01 Volume / 02 Tonalidade
Ponte/Tremulo: Tipo Fender (Importada)
Chaveamento de Captadores: Chave de 3 ou 5 Posições
Circuito Ativo: Não
Foto Original do Catálogo da Giannini 1992:
Vou aproveitar dela: Braço e Corpo, não vou mecher na pintura e deixar os relics adquiridos ao longo dos anos.
Componentes para Reativar a Guitarra:
- Nute
- Escudo HH
- 02 Captadores Humbucker
- Parte elétrica (Blindagem, Chave, Potenciômetro, Jack, fiação)
- Ponte Completa
- 3 Botões
- Parafusos
- Neck Plate – (segura o braço)
- 01 - Jack Plate de saída (escudo que vai o Jack de saída)
- 06 Tarrachas
- 02 Retentor de corda
- 02 Botões da Correia
- Cordas 0.10
O Hardware todo com exceção dos captadores e cordas eu importei de Hong Kong, vamos ver se chega, se vou ser tachado ou não, mas essa parte saiu por: R$440.22 Valor incluindo o hardware, frete, taxa de conversão do PayPal.
Cordas 0.10 eu comprei no meio do ano, mas nem me lembro quanto paguei, acho que algo próximo a R$ 30,00.
Captadores eu quis substituir os 3 Single Coils por 2 Humbuckers com 4 fios que possibilitam Splitar e obter o Som de Single, além de que fico muito irritado com o “hummm” dos singles.
Depois de estudar, escutar samples, ler relatos e impressões de quem testou ou tem, acabei optando pelo Set da Malagoli: HellBucker H777 na posição da Ponte e RealBucker H777 na posição do braço, esse ultimo (braço) um pouco forte de médio/grave nessa posição mas acho que vai deixar a guitarra bem versátil com esse set: esse saiu por: R$ 325,00
Então até o momento o investimento foi de: R$ 795,00
Ainda falta a chave, potenciômetros, Fiação, Blindagem, serviço de Luthier.
Gasta em torno de uns 1000,00 Reais prá deixar ela funcionando do jeito que espero e quero.
Ai tem gente que vai achar que comi coco, que sou louco, ou tomo água de bateria logo quando acordo. rs
Na verdade é puro saudosismo, nostalgia, pô foi minha primeira guitarra.
A Madeira utilizada nela é ótima, ela tem um excelente timbre, bem seco e estralado, uma guitarra muito dinâmica e versátil. Além de que o madeiramento está perfeito, intacto, o braço não está empenado nem torcido.
Além do saudosismo, sei que vão ter uns caras que vão ficar de cabelo em pé e bater o pé que não, mas eu voz afirmo, essa minha Guitarra GG08 1992 é uma “Fender Southern Cross“ com só que timbrado Giannini e com um Hardware bem mais bagaceira.
Ah muita história em cima dessas Giannini´s que possivelmente utilizaram o mesmo desenho, madeira, medidas, etc... enfim uma Southern Cross. Mas eu vejo nego falando isso de guitarras anos 80 e algumas 90. O que sei que não é verdade, por ter contato com diversos desses instrumentos.
Para quem não sabe, a Giannini produziu a Fender Southern Cross de 93 á 95 aqui no Brasil, porem o processo todo de negociação e adequação da Fabrica iniciou-se em 1990, e somente em 1992 conseguiram aprovação do corpo em cedro e do braço em marfim para soltar os primeiros lotes em 1993.
A minha Giannini com exceção do logo e hardwares é exatamente, idêntica, peso, estrutura, desenho a uma Southern Cross, esses dias atrás eu liguei para uma serie de luthier´s aqui da região para dizer o que ia fazer e quanto ficaria mais ou menos o serviço (cotando preço e sentindo qual era a do cara também) e enquanto conversava com um deles acabei descobrindo que estava mechendo em uma Fender Southern Cross das moscas branca (uma das 30 com hardware vindo dos EUA) e fui até lá dar uma olhada, levei a minha e ambos concordamos, é a mesma guitarra! Não tem o que tirar nem por! Simplesmente a minha deve ter sido dos primeiros lotes os pré aprovados.
Apesar de não ter o padrão de qualidade de uma Fender Americana, a Giannini recebia constantes visitas de supervisão de adequação e em entrevista o pessoal que inspecionava disse que de 90 á 92 a qualidade dos instrumentos da Giannini melhoraram cerca de 4000%.
Para quem quiser dar uma conferida na História das Fender´s Fabricadas no Brasil:
http://playmofamilyguitarparts.blogspot.com.br/2012_09_01_archive.htmlSei que ao pegar na mão, Cheiro, Linhas e Curvas, posso afirmar com toda convicção que a Fender Southern Cross, é a mesma coisa que segurar minha Guiannini.
Depois eu posto foto das duas lado a lado e vocês podem observar as curvas, headstock, cor da madeira, cortes, etc...
Visto que tem uma Galera compra guitarras da china ou guitarras baratas para dar um UP, acho que na minha vai ser um bom investimento, não só por tudo que menciono acima, mas ela realmente tem um excelente timbre. Vi um vídeo no youtube de um cara que gastou 100 Reais na Guitarra mais 200 em captadores, ele está enganado em relação ao ano de fabricação dela, pelo Headstock, modelo do corpo, cantos mais arredondados (não tão pontudos) pelas furações internas da cavidade dos captadores tenho certeza que é uma GG08 1992:
Dá uma olhada no timbre que o cara tirou, isso que ele só mecheu no trivial, captadores, parte elétrica:
http://www.youtube.com/watch?v=059zrqY5BXwAgora imagina com um Hardware completamente novo, blindagem top, Ponte, Tarrachas novas e uma boa regulagem? Hamm? rs
Deve ficar bem bacana!
Segue uma foto Lado a Lado de uma Fender Brasileira e a uma Giannini idêntica a minha em sua construção original.
Criei um álbum no picassa para hospedar as fotos da Guitarra contendo o madeiramento e o Hardware que vou utilizar:
https://picasaweb.google.com/107437555270443285644/GuitarraGianniniGG081992Essa é a minha Guitarra no estado atual:
Abaixo vou postar as fotos do Hardware que escolhi, bem como captadores e vou descrevendo a marca e modelo dos mesmos.
Vou precisar de muita ajuda na hora da parte elétrica, potenciômetros, chave e possíveis ligações.
Dando uma pesquisada no Hardware, fiquei em dúvida em usar Gotoh, Fender, entre muitos outros, durante a pesquisa acabei encontrando o Hardware da Wilkinson, li em muitos lugares que existem três fabricantes diferentes em três países distintos (China, Japão e Korea). E segundo muitos relatos, quem fabrica a Wilkinson no Japão é a Gotoh. Por isso acabei confirmando com o vendedor o País de origem (made in) e escolhi um vendedor de Hong Kong.
Então vamos lá:
Ponte Wilkinson WVP6 DouradaTarrachas Wilkinson Douradas com sistema EZ LockEscudo HH - (Estou em dúvida entre um Preto Sanduiche (preto/branco/preto) ou o Madre Perola)Neck Plate DouradoRoller String Retainer - Dourado Botões da Correia com Sistema de Trava - DouradoOutput Plate DouradoParafusos para o escudo douradosBotões Tone/Volume douradosCaptação eu pesquisei, ouvi bastante samples e acabei optando pelo Malagoli HH777 HellBucker na posição da ponte e o RealBucker na posição do braço, pois parece ser bem versátil, como a strato é uma guitarra bastante versátil acho que vai cair bem nela:
Captador Malagoli HH777 - Preto e Branco#--- Update ---#Depois de aproximadamente 30 dias da postagem o hardware chegou de Hong Kong até minhas mãos:
O valor da mercadoria, mais taxa de conversão do paypal e frete, totalizou 440.22, ainda fui tributado no valor de 122,50 Reais, totalizando:
R$ 562,72Os par de captadores Malagoli HH777 ficou em: 325,00
Total Gasto até agora: 887,72
Ainda faltam os componentes da parte elétrica.
Segue as fotos dos captadores e também de todo o Hardware que comprei:Como não estava aguentando de vontade para ver como essa ficaria, acabei fazendo um
Preview Fake,
só para matar a curiosidade e vontade de ver como ela ficaria, segue as fotos:
Vamos a Blindagem:
Utilizei um papel alumínio bem mais espeço que o utilizado em cozinha, se não me engano é utilizado em refrigeração.
Eu blindei a cavidade dos captadores, dos pots de tone/volume e também a cavidade onde vai o output plate. Na paranóia também acabei utilizando o alumínio do cabo de rede (cat6) e acabei blindando também o furo que atravessa do pot dos tones até o output plate.
Algumas partes não deu para fazer inteiriça então tive que recortar, tomando cuidado para sempre uma parte encostar na outra, como se não bastasse, utilizei um fio que vem dentro do cabo de rede que é utilizado para fazer contato com a malha terra e utilizando parafusos atravessei por toda parte da blindagem, desde o output plate, passando pelos tones e captadores, nas laterais e nas partes debaixo.
Depois disso utilizei fita crepe para encostar o fio pela superfície do alumínio.
Para evitar vibração do alumínio e também segurar melhor o fio, passei bastante fita crepe no fundo e nas laterais da blindagem.
O escudo já veio com uma blindagem bacana, creio que não vou mecher nele, todos que comprei até hoje só vinham blindado na parte dos pots, esse quando chegou fiquei surpreso.Acerto de furos, instalação do HardwareQuase todos os furos útilizados em minha Giannini não batem com o das peças novas, pudera, um instrumento com essa idade já despadronizou por completo.
Fiz enchertos na madeira utilizando super bonder (fica muito bom) pois tem lugares que acaba pegando entre furo e o bonder faz um exelente papel na hora de segurar os parafusos.
Mãos a obra:
Os furos das tarraxas também eram apertados então utilizando uma lixa dei uma alargada de leve, também precisei refazer o furo traseiro onde a tarraxa é presa.Para malha terra, destrocei um pedaço de cabo com malha trançada e removi a mesma, dei uma esticada e passei uns pedaços de fita para segura-la o mais apertada possível, soldei um conector de argola e o mesmo está conectado junto ao parafuso do plate que segura as molas.