Na verdade a temperatura não é constante, nem na laminadora, nem no ferro.
Na laminadora, a lâmpada do fusor esquenta o rolo fusor que, após determinado tempo, se esfria naturalmente. Ao atingir uma temperatura pré-determinada na placa de controle, a lâmpada é acionada para que volte a esquentar o rolo fusor.
Na minha laminadora o ajuste é para 170º e quando faço a transferência ela varia desde 165º até 180º.
O ferro também é mais ou menos parecido. Com a temperatura ajustada em um determinado ponto, o termostato esquenta a chapa e, ao atingir o parâmetro ajustado, desliga. Mas, ao esfriar, o termostato volta a ligar aquecendo novamente a chapa.
Veja
este vídeo que fiz assim que inciei minhas placas com transferência.
O choque térmico se faz necessário para que as fibras do papel se atrofiem rapidamente, evitando que volte a agarrar no toner, o que dificultaria a retirada do papel da placa.
Esse ponto das fibras do papel ficarem mais soltas (por falta de termo melhor) é bem descrita no processo de transferência com acetona (se bem me lembro foi o GRAmorin que postou sobre isso). Resumindo, pelo que me lembro, coloca-se o papel com o layout na placa, molha com acetona e com a ajuda de algo cilíndrico pressiona-se tudo na placa e, após algum tempo, retira-se o papel e o layout está transferido.
A razão de funcionar é que a acetona além de ser diluente (não é esse termo, mas não lembro o correto) para o toner, ela também ajuda a enfraquecer a ligação das fibras do papel com o toner que, por ter mais afinidade com o cobre, acaba ficando preso à ele.
Em relação a papéis, já testei de tudo quanto foi tipo e marca, e cada um tem suas peculiaridades.
Em geral os glossy para inkjet, impressos em laser, por terem uma camada de glossy mais espessa, sai bem facilmente. Ao transferir o layout, o calor amolece o glossy (que contém a impressão do layout) e o toner, como dito acima, por ter mais afinidade com o cobre, acaba aderindo à placa.
Joga-se a placa na água por dois motivos:
1) Aproveitando que o toner e o glossy ainda estão quentes, ao entrar em contato com a água fria o choque térmico faz com que o toner fixe-se firmemente ao cobre, pela afinidade entre os dois, ao mesmo tempo que a água penetra no glossy, amolecendo-o ainda mais.
2) O papel, ao entrar em contato com a água, perde aderência com o glossy, já amolecido pelo calor e pela água.
Assim, após alguns minutos, é só puxar com calma o papel que o layout está transferido. Ainda restam resquícios de glossy amolecido na placa, mas passando o dedo molhado ele sai (e não precisa ter receio de arrancar o toner porque isso não acontece).
Pode acontecer de ter aquecido o glossy demais e ele cristalizar na placa. Caso isso ocorra, o processo inverso deve ser realizado: joga-se a placa em um recipiente com água fervendo, espera-se um tempo e tenta-se tirar o glossy. Se não conseguir da primeira vez, repete-se o processo até sair todo o glossy. A água fervendo amolece o glossy cristalizado, facilitando a retirada.
Usando papel para inkjet na impressora laser nunca tive problemas de papel grudado na placa, apenas glossy cristalizado.
Já com papel glossy específico para impressora laser o que mais me agrada é o de gramatura 180gm
2, pois após transferir e jogar na água, é só esperar tempo que ele mesmo solta da placa, restando muito pouco resquício de papel na placa. Glossy não fica nada, pois como o papel tem menos glossy que o para inkjet, ele nem chega a aderir no cobre.
Já o papel para impressora laser de 150gm
2 transfere muito bem também. A placa abaixo fiz hoje com esse papel, só que, pela gramatura mais baixa, acaba ficando muito resto de papel na placa. Nada que uma escova de dentes macia velha não resolva. As trilhas mais grossas estão em 16mils (0.4064 mm), a as mais finas com 10 mils (0.254 mm)
Papel couché também resulta em uma boa transferência, mas em minhas experiêcias tive mais problemas de falha nas trilhas do que com outros papéis. Ele também deixa muito resquício de papel na placa, exigindo uma boa escovada para limpar completamente.
Em relação ao levantado, sobre o ácido muiriático e água oxigenada ser mais preciso, não procede. Ambos são corrosivos e atuam da mesma maneira.
O que ocorre é que, ao usar concentrações mais fortes (já usei HCL 40% + H
2O
2 130%) em virtude da corrosão ser mais rápida, o ácido não tem tempo de ficar "passeando" em cima do toner. Isso causa uma falsa impressão de precisão. Entretanto, justamente pela reação ser mais forte, qualquer falha que exista, por mínima que seja, não passará em branco.
Já com solução mais fraca (atualmente uso H
2O
2 10% e HCL 4,5%) se deixar muito tempo também ocorrerão falhas.
Sobre a pressão exercida no ferro (lembrei agora). Ela deve existir, mas deve ser moderada para que não ocorra alargamento das trilhas / ilhas. A pressão ajuda o toner, aquecido, a aderir ao cobre.
Nunca usei transparência, então não posso falar nada sobre ela, mas o processo de transferência térmica com elas é praticamente o mesmo. Nele, se bem lembro, é necessário um pano entre o ferro e a transparência, para que esta não derreta e grude no ferro.
O levantado sobre impressão ser recente procede, pois com o passar do tempo o toner se firma mais e mais ao papel / glossy. Nos papéis com glossy é ainda pior, pois com o passar do tempo o glossy endurece. Aqui, sempre que preciso fazer placas, imprimo, transfiro e faço a corrosão no mesmo dia.
O papel grudar no centro da ilha é normal, mas escovar de leve (com a placa dentro da água para ajudar a amolecer o papel) com uma escova de dente macia retira esses restos.
Pronto. Falei demais.
Abraços.