Oi Sandro
Voce tocou em uma questão interessante...Como podemos avaliar se um modelo de valvula é bom para áudio, RF ou nenhum dos dois?
O processo é um pouco complicado. Basicamente qualquer válvula pode ser usada para qualquer função. O problema é que pode haver alternativas mais baratas. Você pode usar a 12AU7 num estágio de saída, mas vai te dar apenas 1W. Para 100W você precisa de 100 delas em paralelo. Mais barato usar um quarteto de EL34. Com a 813 você chega tranquilo em 500W de áudio, mas ela opera com 3000V na placa. Melhor usar um octeto de KT120.
Para saber quem usar, você precisa calcular o estágio de amplificador e ver que resultado dá. Não existe uma mágica de se olhar para a válvula e dizer o quanto dá em potência. Depende de tempo e paciência.
Pulando de assunto...outra coisa incrivel são os valores dos soquetes...como pode um simples soquete ser as vezes mais caro que a propria valvula?
Um simples soquete de 9 pinos que não deveria custar nem 0,50 centavos, tem louco pedindo 20,00
Bom, R$20,00 por um soquete 9 pinos está caro mesmo. O preço de mercado do cerâmico está por volta dos R$10,00, pouco mais ou menos.
Concordo que deveriam custar bem menos. Não chega a R$0,50, mas deveria ser possível vender por algo entre 2 e 5 reais, que é o preço que os americanos pagam pelos mesmos soquetes de porcelana que temos aqui. Mas daí temos algumas coisas a considerar:
1- O PIB dos EUA em 2010 foi de US$14,72 Trilhões. O Brasileiro foi de US$2,08 Trilhões (O Globo). A economia americana, que está indo mal, é 7 vezes o tamanho da brasileira. Se eles importam um contêiner naval cheio de soquetes da China que chegam rapidinho nos portos da costa oeste, a gente pega só umas 5 caixas de papelão, que tem que dar a volta pelo canal do Panamá e descer até o Rio ou Santos.
2- O frete para o Brasil é mais caro que para os outros países, pois nossos portos e aeroportos primam pela ineficiência e altos custos operacionais. Como o dono do navio sabe que vai ficar preso por aqui para desembarcas, cobra por isso.
3- Os impostos de importação são cobrados sobre o total da invoice, mercadoria + frete, e não apenas sobre o valor da mercadoria, como acontece em outros lugares. O frete mais caro entra com um efeito em cascata sobre o preço das mercadorias. Veja
www.precojustoja.com.br e veja o caminhão de impostos que o governo, que você elegeu, cobra nos produtos eletrônicos importados.
4- Quem importou os soquetes tem que ganhar a vida. Tem família e casa para sustentar. E como você, ele mora no Brasil, onde tudo é mais caro e mais difícil. Em outros países do mundo, um comercio consegue sobreviver com um lucro bruto da ordem de 15%. Aqui no Brasil, o lucro bruto mínimo para sobrevivência de um comércio é de 38%. Se estiver operando com menos que isso, vai fechar as portas bem rápido, pois não vai ter caixa para pagar o FGTS, 13 salário, IPTU, ISSQN, PIS, COFINS, contador, demais gastos e levar alguma grana para casa para poder fazer compras no mercadinho do bairro.
5- Quem vende paga impostos sobre o total da nota fiscal, mercadoria + lucro, e não apenas sobre o lucro. Assim, os impostos que foram cobrados na entrada da mercadoria no país, são taxados novamente na venda. Cobra-se imposto sobre o imposto já pago.
6- O governo tem um programa muito eficiente de combate a sonegação. Cada vez que você pede a Nota Fiscal Paulista, na doce esperança de não pagar IPVA, além de entregar dados preciosos para a receita cruzar com seu imposto de renda, está ajudando o governo a cobrar mais imposto ainda!
7- Enquanto a Europa e os EUA tentam derrubar barreiras alfandegárias e criar zonas de livre comércio, o Brasil criou uma barreira alfandegária entre os estados! Para um comércio em São Paulo comprar uma mercadoria que foi fabricada no Rio de Janeiro, tem que pagar a diferença do ICMS para o estado destino! Isso se chama de Substitutivo Tributário. Daqui a pouco vão pedir passaporte pros paulistas visitarem o Rio!
Então, Sandro, depois de tudo isso até se justifica alguém cobrar R$20,00 por um soquete que lá fora custa US$2,00. Se o coitado teve algum problema na alfândega na liberação das peças, o custo aumenta ainda mais.
Eu já tive mercadoria presa na alfândega algumas vezes. Entenda bem, eu paguei a mercadoria quando saiu da origem, quando chegou no Brasil eu paguei o imposto corretamente e, depois de tudo pago, o “prole de meretriz” daquele fiscal de “fezes com odor pungente” levou 4 meses para bater o carimbo na minha papelada. Com toda certeza ele deveria estar muito ocupado com outras atividades típicas dos funcionários públicos, por isso demorou tanto. Mas depois da terceira vez que isso me aconteceu, eu me acostumei e não me preocupo mais. Apenas acrescento no preço da mercadoria, o custo do capital empatado na demora da alfândega.
Espero ter conseguido explicar o processo de como os preços no Brasil são compostos.
Grande abraço
Eduardo