Então, na minha opinião os efeitos da capacitância "parasita" são praticamente nulos em circuitos de áudio. Com certeza um monte de gente vai querer me bater agora, mas vou tentar explicar...
Bem, um capacitor nada mais é que dois condutores e um isolante dielétrico em seu interior (vide os capacitores de placas paralelas da física!). O dielétrico pode ser qualquer coisa, ar, fenolite, fibra de vidro, tântalo, polímeros de um modo geral, fita isolante, pvc, vidro... Isso é um efeito que sempre ocorre, basta termos as condições de dois condutores (em potenciais diferentes) e um dielétrico.
Agora a ordem de grandeza das capacitâncias que existem em um circuito feito em layout são muito pequenas, da ordem de 10^-15 F (0,001 pF). Mas porquê o layout de um circuito de RF deve-se tomar o cuidado com as tais "capacitâncias parasitas" ? Pois a impedância de um capacitor é inversamente proporcional a frequência. Ou seja, quanto maior as frequências que existem em um circuito, maior a chance de uma capacitância existente nas trilhas fazer com que o sinal influencie outros pontos do circuito, pois a impedância diminui, tornando o capacitor um "condutor". Vamos fazer algumas contas, dai ficaria mais fácil exemplificar:
Digamos que um circuito feito em layout tenha uma capacitância parasita na entrada de 1pf (é pouco, já que um cabo de guitarra tem muito mais que isso em seu comprimento total). Qual a impedância desse capacitor a um sinal de 1KHz? Xc = 1/(2*pi*f*C), que dá um valor aproximado de 160 Mohms. Bastante alto não é? Tipicamente, um circuito aberto.
Agora, vamos supor que temos um sinal de 100MHz (típico de RF), qual a impedância? Calculando cheguei a um valor de 1,6 Kohms, o suficiente para despolarizar algum transistor na entrada do circuito ou gerar complicações como uma realimentação positiva (que irá fazer o circuito oscilar).
Agora vamos fazer a conta inversa, qual a capacitância parasita que deveremos ter para ter 1,6 Kohms em uma frequência de áudio, o mesmo efeito dos 100Mhz, apenas para efeito de comparação. (vou chutar 30 Khz para ninguem falar das harmônicas!!!). C = 1/2*pi*f*Xc , C = 3,3 nF. A menos que vc solde um capacitor deste valor em todos os pontos do circuito (ou que você faça um PCI em um material tipo poliéster/tântalo
) você não encontrará nunca uma capacitância desta ordem !!
Concluindo, os maiores problemas em um não funcionamento de um circuito de áudio, ao meu ver são:
1- Terra mal feito (tanto faz se é loop, ou aterrado em cascata). Tem circuitos que o terra tem resistência maior que a trilha do sinal!!
2- Circuitos de altíssimo ganho (vide os distorcedores, aqueles com amp-op e um resistor gigante na realimentação).
Existem circuitos com ganho na ordem de 250, 500. A cada 10 mV na entrada temos a saturação do amp-op ! Se uma trilha possui uma corrente um tanto quanto mais elevada, passar próxima a entrada de um circuito de alto ganho (e que possua uma geometria favorável ao efeito na PCI) teremos uma indução na entrada do circuito, podendo levar a uma realimentação do sinal e uma decorrente oscilação.
Alguem lembra dos pedais que apitam quando se aumenta o ganho? Nesses casos o layout é de extrema importância para que se evitem oscilações (separar bem circuitos de pré amplificação e circuitos de potência, blindar os cabos de entrada...)
Mas ao meu ver, não é o efeito das capacitâncias parasitas e sim o efeito da indução eletromagnética.
3- Montagem errada, componentes com valores errados, queimados, de qualidade duvidosa, circuito mal projetado e as gambiarras não é mesmo...
Um abraço!
Eduardo