Handmades

Prezados amigos,

Estou tentando escolher um projeto simples para começar a me aventurar no mundo dos hi-fi. Eu tenho válvulas que comprei para um projeto de um Fender 5e3 (6v6, 12ay7, ecc803, 5y3, etc). Estava num primeiro momento tentando aproveitar esse material. Vasculhando a internet achei esse projeto que me pareceu interessante:

(http://wp.cascadetubes.com/wp-content/uploads/2013/08/Amp-Schematic.jpg)

Fonte: http://www.cascadetubes.com/the-6v6-lacewood-amp/

O autor fala que teve excelentes resultados e que projetou para entrada de áudio com 1.1v RMS (Saída de celular, CD Player, etc). No entanto, eu estava querendo ligar também em um tocados de vinil da Audio Techina (https://www.audio-technica.com/cms/turntables/7d6199a73a837511/index.html) que diz ter 150mV na saída.

Fiquei preocupado e talvez este projeto do jeito que está não me sirva completamente. Queria ouvir de vocês se acreditam que vale a pena fazer alguma alteração de ganho na pré-amplificação (algo como uma chave de opção) ou é algo que não devo investir? Vocês teriam alguma sugestão? Ou mantenho tudo como está e não seria um grande problema? Nesse caso eu teria que colocar um novo estágio ou vocês enxergam haver margem para alterar o ganho apenas com uma válvula no pré? Eu precisaria de algo em torno de 13db a mais.

Estou aberto também a sugestão de outros projetos. Apesar de querer aproveitar as peças, se não for possível eu venderia para comprar novas.

Sobre tua dúvida com toca discos:

Toca discos necessitam um pré a parte, chamado de RIAA, que na verdade é um pré e equalizador junto. O vinil quando gravado tem uma espécie de "equalização" que ajuda a gravação "mecânica" nos sulcos dos discos. Dito isso, para reproduzir, precisa restaurar a "equalização" original, quem faz isso é o pré RIAA. O pré RIAA também eleva o sinal para níveis de linha.

Esse toca discos do link, o AT60, pelo que ví, já tem esse pré embutido, apesar de ser um toca discos bem simples e sem recursos mais "sofisticados".

Eu entendi que o sinal de linha dele já possui o RIAA. Atualmente eu coloco ele na entrada de uma caixinha Edifier amplificada sem maiores problemas.

Você precisa de um pré para adaptar as sensibilidade do power ao pickup. Note que o projeto que você apresenta é apenas um power. Não sei o que o pessoal do HiFi pensa, mas no seu caso, eu gostaria de algum tipo de tone-stack ou equalizador gráfico entre o a fonte de sinal e o power. Por isso acho que o autor original pretendia usar o power com algum pre-amplificador. 1 volt de sensibilidade não é o que eu chamaria de entrada super sensível.

Outra coisa que está muito em voga por estes dias é usar um pré-amplificador RIAA valvulado (eu não usaria).

Tipo assim, este aqui ?

(https://i.postimg.cc/RVMdfbxp/RIAA-preamp.jpg)

Pelo site que você passou, o toca-discos já tem saída de linha (150 mVrms já equalizado) e também uma saída phono (2.5 mVrms que precisa da equalização RIAA). Assim o mais simples é colocar mais um estágio de amplificação com mais uma 6SN7 (veja o ganho do estágio simulado) ou troca a 6SN7 por triodos com mais amplificação (12AX7).

(http://www.hostcgs.com.br/hostimagem/images/4486sn7_b.jpg)

Pela simulação, o estágio tem um ganho de 15x, o que é insuficiente para os 150 mVrms. Precisaria de mais um ganho de 7 a 8 vezes, senão a potência de saída será bem abaixo do desejado (uns 3 a 4 W).  Pode tentar desacoplar os resistores de catodo de 1 kohms com capacitores em paralelo, pra aumentar um pouco o ganho do estágio (mas que não resolvem a parada).

Se fizer citação desta mensagem, retire a imagem de dentro da citação.

Muito legal! Qual software você utilizou para essa simulação?

O programa (em Java) é deste site:

https://www.dmitrynizh.com/tubeparams_image.htm

Só que tem de lembrar que a simulação seria para uma polarização fixa na grade (quando somamos uma tensão negativa ao sinal de áudio na grade do triodo). Já o esquema apresentado usa polarização por resistor de catodo.  De forma que o ganho do estágio será um pouco menor sem o capacitor de desacoplamento em paralelo com o resistor de catodo.
Por exemplo, se recalcular o ganho do estágio levando em conta do resistor de catodo, ficaria:

Ganho = mu x Ra / (Ra + ra + Rk x (mu + 1))

mu = fator de amplificação no ponto quiescente
Ra = resistor de placa
ra = resistência interna da placa no ponto quiescente
Rk = resistor de catodo

Ganho = 20.4 x 27000 / (27000 + 8658 + 1000 x (20.4 + 1))
 
Ganho = 9.65

Como a carga do estágio também tem o potenciômetro de 100k, o ganho cai um pouco mais ainda. Na página do projeto, ele cita que o ganho final ali é de 8 vezes.

Qual motivo para não utilizar ? Alguma desvantagem técnica em relação ao som ou somente pelo gosto (ou não) da coisa ?

A questão técnica é a seguinte: Equalizadores RIAA para hifi tem que ser precisos e silenciosos. Do contrário não se pode chamá-los equipamentos HiFi. Um bom equalizador RIAA valvulado vai envolver um bom circuito, com uma boa fonte, um bom condicionamento da alimentação dos componentes, um bom layout e etc. Todas estas coisas são mais fáceis de serem conseguidas em circuitos de estado sólido.

Entendido

No livro do Morgan Jones, há um capítulo inteiro sobre pré amplificador com equalização RIAA. Ele coloca tantas dificuldades e complicações de se projetar e fazer um pré valvulado para sinais phono, que qualquer um desistiria de fazer um. Mesmo em amplificadores clássicos que ele analisou, os circuitos de equalização RIAA eram medíocres. Mas não havia preocupação com isso, já que o sinal vindo do disco era tão ruim, que ninguém iria culpar o circuito de equalização.
No fim, o resumo é que ouvir disco de vinil é uma droga.

Gosto mesmo é dos circuitos de exemplo do livro dele. Todos complexos e cheios de ponderações.

O esquema do Marantz 7 pode ser encontrado facilmente na rede e ainda tem placas e circuitos prontos no Aliexpress.

http://www.preservationsound.com/2011/09/marantz-7-riaa-phonograph-preamp

Se alguém tentar, por favor, reporta aqui.

E drogas viciam !  :D